Identificados três subtipos distintos de esclerose múltipla
A esclerose múltipla tem três subtipos distintos com base em marcadores imunes séricos, cada um com evoluções de doença e respostas terapêuticas ligeiramente diferentes, sugere um novo estudo.
Com validação adicional, determinar a “assinatura imune” sérica de um paciente (ou endofenótipo) antes de iniciar a terapia imunomoduladora pode auxiliar a prever as evoluções clínicas e levar a decisões terapêuticas mais personalizadas, afirmaram os pesquisadores.
“A caracterização de um endofenótipo no momento do diagnóstico auxiliará a determinar a trajetória provável da evolução da doença, mas também ajudará a refinar a imunoterapia escolhida”, explicou ao Medscape o Dr. Heinz Wiendl, médico, professor e diretor do Departamento de Neurologia da Universidade de Münster, na Alemanha. “Esta abordagem é um método racional de medicina de precisão para o futuro”.
O estudo foi publicado on-line em 27 de março no periódico Science Translational Medicine.
Subtipos degenerativo e inflamatório
A esclerose múltipla é uma doença altamente heterogênea, com diferentes manifestações clínicas e evoluções, o que torna seu manejo desafiador. Ainda não está claro se essa heterogeneidade é reflexo de discretas assinaturas imunes séricas.
Para elucidar tal dúvida, o Dr. Heinz e uma equipe multicêntrica analisaram exaustivamente as propriedades imunes de amostras de sangue coletadas de 309 pacientes com esclerose múltipla precoce e de uma coorte de validação (independente) com outros 232 pacientes com o quadro.
Em ambas as coortes, eles constataram que as assinaturas imunes celulares se dividem em três endofenótipos imunes distintos, denominados E1, E2 e E3.
O endofenótipo E1 é caracterizado por alterações no compartimento dos linfócitos T CD4, com aumento de citocinas inflamatórias, nomeadamente interleucina-17A (IL-17A), IL-22 e fator estimulador de colônias de granulócitos-macrófagos, bem como danos cerebrais estruturais mais precoces, doença mais grave e maior prejuízo da funcionalidade.
Alterações nas células NK (do inglês, natural killer) são uma característica distintiva do subtipo E2, enquanto alterações nos linfócitos T CD8 predominam no subtipo E3.
Os diferentes subtipos foram associados a evoluções clínicas distintas. Pacientes do endofenótipo E3 apresentaram um padrão que reflete maior atividade inflamatória da doença, ilustrada por uma maior taxa de recidivas (≥ duas) no primeiro ano a partir do início do estudo e pelo uso mais frequente de terapias modificadoras da doença altamente ativas como primeiro tratamento imunomodulador.
Fonte: Medscape