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Gestão de Saúde: Impacto Clínico e Econômico-Financeiro

O processo de transição demográfica e epidemiológica, caracterizado pela acentuada queda da mortalidade, aumento da expectativa de vida, envelhecimento da população, declínio das doenças infecciosas e aumento das doenças crônico-degenerativas, é uma realidade em todos os continentes (Medronho et al. 2009; Guimarães et al., 2021). Esse fenômeno representa um grande desafio para os sistemas de saúde mundialmente, que precisam se adaptar para garantir um acompanhamento sistemático dos indivíduos (Malta et al., 2023; Barroso et al., 2021).

Além disso, a pandemia da COVID-19 agravou indicadores de qualidade de vida, atividade física, excesso de peso e obesidade, contribuindo para o aumento da prevalência de doenças e da demanda nos serviços de saúde (Malta et al, 2023; Lima-Kubo et al., 2020). Essa crescente demanda, aliada às transformações demográficas e epidemiológicas, vem ocasionando um aumento generalizado dos gastos em saúde mundialmente, com destaque para a América Latina e Caribe, onde a taxa de crescimento dos gastos com saúde per capita foi de 4,9% ao ano entre 2010 e 2019 (OECD, 2023).

No caso do Brasil, as despesas relativas à saúde totalizaram R$711,4 bilhões em 2019 (IBGE, 2022), refletindo a necessidade de estratégias que visem a sustentabilidade do sistema de saúde diante desse cenário desafiador.

Um estudo realizado em um serviço de gestão de saúde populacional na saúde suplementar, baseado nas premissas da Atenção Primária à Saúde, revelou resultados positivos para a saúde da população atendida e para a sustentabilidade do sistema.

O serviço adota uma estratégia de cuidado integral, abrangendo ações de proteção, prevenção, promoção de saúde, diagnóstico, tratamento, reabilitação e redução de danos. O acompanhamento de pacientes com condições crônicas, como hipertensão arterial sistêmica (HAS) e diabetes mellitus (DM), é realizado por uma equipe de médicos de família e comunidade e enfermeiros.

A análise comparou a população atendida pelo serviço (pacientes “ativados”) com aqueles que não utilizaram o programa (pacientes “não ativados”). Os resultados mostraram:

– Redução estatisticamente significativa nos valores de hemoglobina glicada (HbA1c) e pressão arterial sistólica (PAS) entre os pacientes ativados na linha de cuidado de DM e HAS, respectivamente.

– Economia estimada de 48% no custo por membro por mês (PMPM) para a população geral ativada, em comparação aos não ativados.

– Economia de 61% no PMPM entre os pacientes da linha de cuidado de DM e 36% na linha de HAS.

O retorno sobre o investimento (ROI) nos primeiros 19 meses do projeto foi de 11%, com projeção de atingir 55% ao final dos 60 meses de contrato. O payback do projeto foi alcançado já no 16º mês.

Os resultados evidenciam que a abordagem de gestão de saúde populacional, com foco no cuidado integral e coordenado, contribui para a melhoria dos desfechos clínicos e a sustentabilidade do sistema de saúde suplementar.

Fonte: IESS

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