Tratamentos

Ferramenta pode ajudar a priorizar pacientes de alto risco na fila de espera do SUS para histeroscopia

A histeroscopia é um exame essencial para o diagnóstico de câncer de endométrio. Atualmente, no Brasil, mulheres com sangramento pós-menopausa que precisam realizar esse procedimento no serviço público de saúde aguardam em uma fila de espera juntamente com pacientes portadoras de outras queixas de menor gravidade. Até então, não havia um sistema para priorizar as pacientes com alto risco de câncer; no entanto, isso pode mudar, graças a um estudo brasileiro publicado em fevereiro deste ano no periódico Journal of Clinical Medicine. [1]

Pesquisadores do Hospital Municipal da Vila Santa Catarina, em São Paulo, unidade pública administrada pelo Hospital Israelita Albert Einstein, desenvolveram o Endometrial Malignancy Prediction System (EMPS), um nomograma para identificar as pacientes com alto risco de câncer de endométrio e priorizá-las na fila de espera da histeroscopia diagnóstica.

Em entrevista ao Medscape, a Dra. Bruna Bottura, médica ginecologista e obstetra do Hospital Israelita Albert Einstein e primeira autora do estudo, contou que a ideia de criar o nomograma surgiu após a pandemia de covid-19. “Percebemos que logo depois da semana de retomada pós-pandemia, quando os ambulatórios voltaram, estávamos atendendo muitas pacientes para retirada de dispositivo intrauterino (DIU). Pensamos que não era justo que uma paciente com sangramento pós-menopausa, que tem a chance de ter câncer, tenha de aguardar na mesma fila que a paciente que precisa tirar o DIU”, destacou, lembrando que essa constatação motivou o desenvolvimento da ferramenta, projeto que foi feito sob orientação do Dr. Renato Moretti-Marques.

Classificação de 1 a 5

A equipe conduziu um estudo do tipo caso-controle retrospectivo com 1.945 pacientes com suspeita de câncer de endométrio que haviam sido submetidas a histeroscopia diagnóstica na unidade de saúde em questão entre março de 2019 e março de 2022. Entre elas, 107 foram diagnosticadas com lesões precursoras ou câncer de endométrio a partir de biopsia. As outras 1.838 participantes, que tiveram o diagnóstico de câncer descartado por biopsia, compuseram o grupo controle.

A partir de análise de regressão linear bi e multivariada, os autores identificaram que a presença ou não de hipertensão, de diabetes, de sangramento pós-menopausa e de pólipos, o volume uterino, o número de gestações, o índice de massa corporal (IMC), a idade e a espessura endometrial foram os principais fatores de risco para o diagnóstico de câncer endométrio.

Frente a esses dados, o grupo desenvolveu o nomograma EMPS. Com ele, os médicos conseguem classificar o risco da paciente, a partir do somatório das pontuações atribuídas a cada um desses fatores.

Confira abaixo a classificação (a tabela de pontuação disponível nos materiais suplementares do artigo pode ser acessada aqui).

EMPSEscoreRisco de câncer ou lesão precursora
1< 70risco muito baixo (< 5%)
270 a 88risco baixo (< 10%)
389 a 143risco médio (10% a 50%)
4144 a 197risco alto (50% a 90%)
5> 197risco muito alto (> 90%)

Foco na atenção primária

Fonte: Medscape

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